terça-feira, 21 de dezembro de 2010

As marcas do amor

Não entre!

 

É cada vez mais difícil entrar em meu coração

pois guardo todos os cacos dos amores passados

com as pontas para cima, espalhados no coração

 

É cada vez mais difícil entrar em meu coração

pois guardo todas as palavras de arame farpado

com as quais os putos magoaram meu coração

 

É cada vez mais difícil entrar em meu coração

pois guardo todos os ódios sentidos e não falados

com as bocas abertas, aguardando seu coração

 

Se, ainda assim, após ler todas essas advertências

você insistir em conquistar um canto, venha equipado

traga gaze amor esparadrapo mertiolate e paciência

 

É cada vez mais difícil sair de meu coração

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

A perigo

Abandono

 

Anda tão abandonado o meu tesão

que essa noite tive um sonho erótico

com minha mão

 

Anda tão abandonada a minha libido

que meus olhares têm uma tarja:

proibido!

 

Anda tão abandonado o meu amor

que alguém me mandou um buquê

de couve-flor

 

Anda tão abandonada a minha paixão

que supliquei um beijo e o espelho disse:

não!

  

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Sem ti não há amor

AMOR CONCRETO

 

Eu era nada

trouxeste teu amor 

te tornaste namorada.

 

Em meu futuro

se tu partires

haverá um fu  ro.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Réviver

 Moinhos

 

Nas noites em que não durmo

com a cabeça quase em paranoia

atiro-me nas águas da memória

para emergir do inferno noturno

 

Rejogo partidas maravilhosas

remarco pontos e gols incríveis

rebeijo bocas inesquecíveis

recomo namoradas gostosas

 

Reviajo a lugares marcantes 

refalo com grandes amigos

ressinto amores antigos

regozo a vida como antes

 

E, nesse mergulho profundo

no curso das horas bem gozadas

constato que as águas passadas

movem os moinhos do meu mundo

  

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Eu era ateu


A graça de Deus
 
Eu era ateu
até que Deus me concedeu
essa (des)graça
Agora eu rezo todo os dias
para ver se passa
 
Assim ele cabala fé
onipresente, onisciente, onipotente
semeia desgraças pelo mundo
terremotos, desabamentos, enchentes
epidemias, guerras santas, genocídios
e os sobreviventes agradecem-lhe
por estarem vivos
por terem perdido só a casa
por terem perdido só uma perna
por terem perdido só três parentes
por Ter-lhes concedido a "vida eterna"
 
Como Ele consegue?
Essa é a graça de Deus 
  

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Mais do que sentir, pressentir

Ciao

 

Nem tudo começa no sim

pressentindo o amor

prefiro arriscar a sorte

a deixar morrer

 

Nem tudo termina no fim

pressentindo a dor

prefiro arriscar a morte

a deixar correr

 

Foi assim nosso amor

vivia em nós

antes de nascer

 

Assim foi nosso amor

morria em nós

antes de morrer

 

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Há que cuidar da estante


Somos o que fomos

 

Ao longo desses longos tempos de amor

fomos emoldurando nossos sentimentos

– os beijos apaixonados

– os abraços saudosos

– a emoção das viagens

– o prazer dos amigos

– as alegrias em família

até que a estante ficou lotada

 

Não há espaço para novas fotos

Não há espaço para novos fatos

Não há espaço para o futuro

 

Somos o que fomos

uma coleção de instantes

abarrotando a estante

de momentos congelados

 

Somos o que fomos

estáticos porta-retratos

abarrotando a estante

de sentimentos passados

 

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Fantasias são essenciais

SEM RETORNO

As fantasias são fadas virgens
flores afrodisíacas que nos tentam
borboletas bacantes que ostentam
as emplumadas asas da vertigem

Fantasias são os hímens da indecência
esvoaçando sobre pensamentos líricos
são desejos que permanecem oníricos
sob o risco de perderem a inocência

Pobre daquele que realiza as fantasias
aprisionadas as borboletas jazem frias
flores arrancadas perdem o cheiro

Pobre daquela que consuma o beijo
consome o sumo do próprio desejo
fadas não se reproduzem em cativeiro 

   

Jornal de Brasília

 CIDADES Sexta-feira, 22 de outubro de 2010 Jornal de Brasília

 

O legado de Alessandro

Ele supera as limitações, lança livro de poesias e dá uma lição de vida.

 

 Indira Efel (indira.efel@jornaldebrasilia.com.br)

 

"Qual é o sentido de nossas finitas vidas / senão tornar outras vidas mais bonitas?". É assim que Alessandro Uccello começa um dos seus poemas, chamado Legado. A poesia surgiu na vida de Ale, como é chamado pelos familiares, na adolescência, com 14 anos. Em alguns tempos de sua caminhada ela esteve mais presente, outras nem tanto, explica sua mulher, Sônia Rosenberg. Mas, de acordo com a companheira, juntos desde 1996, a poesia é tudo que ele faz atualmente. Isso acontece porque Alessandro foi diagnosticado, em março de 2007, com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), uma doença degenerativa sem causa conhecida. Hoje em dia ele tem muitas limitações, não fala e sua movimentação é pequena. Mas mesmo assim não deixou a paixão pelos poemas para trás. "Hoje, minha vida é escrever", explicou pelo iPhone, quando perguntado o que significava a poesia para ele.

 

Fã de Fernando Pessoa, Manuel Bandeira, Vinícius de Morais, Elisa Lucinda e Mário Quintana, Alessandro está lançando seu quarto livro de poemas, chamado Lápis de Flor. A publicação é direcionada para crianças. E isso tem uma explicação. Ale sempre foi um pai muito presente e com o aparecimento da doença não podia fazer o que mais gostava: ler histórias para as duas filhas, Laura, de oito anos, e Elisa, de sete anos. Com isso, começou a escrever as histórias que tinha vontade de contar para as meninas, fala Sônia. "Eu contava história para as meninas e como estava impossibilitado resolvi escrever", descreveu Alessandro.

 

FONTE DE PRAZER

 

Sônia explica que elaborar os livros é fonte de muito prazer para Ale. "Porque elas adoram", fala a esposa. De acordo com ela, o que mais emocionou foi há cerca de três semanas quando as meninas autografaram o novo livro no lugar do pai. Como ele não podia, elas, sem ninguém pedir, sentaram perto dele e assinaram por ele no lançamento no Banco Central, local onde ele ainda trabalha. Alessandro continua mandando seus trabalhos de casa, mesmo com todas as limitações.

 

Para o escritor, a maior frustração é participar tão pouco da vida das filhas, tão serelepes. "É chato participar apenas como expectador", desabafa o poeta pelas letras do computador que também entende o que ele quer escrever pela íris do olho. De acordo com Ale, a esposa e as filhas são vida para ele.

 

E o poeta não quer parar por aqui. Já tem um livro infantil na fase de ilustração, que se chamará Meméia Centopéia. Alessandro fez questão de mostrar o texto, além do início de outra publicação que ainda está escrevendo. Ele também está fazendo um livro de memórias. Para isso, pediu de presente de 50 anos, neste ano, que os amigos escrevessem histórias de momentos que passaram juntos. Conforme Sônia, o intuito da publicação é deixar para as filhas as histórias de vida que ele não pode contar. "Ainda estou escrevendo com os olhos minhas memórias", conta Ale.

 

"E então, deixar a vida / deixando na vida mais vida / deixando a vida de quem fica / mais rica e mais bonita", termina o poemaLegado de Alessandro Uccello.

 

SAIBA +

O livro Lápis de Flor, escrito por Alessandro Uccello e ilustrado por Manuela Loddo, será lançado no sábado (23), às 17h30, na Livraria Cultura do Shopping Iguatemi.

  

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Cuidemos da Terra

  

Nosso lar

 

A bananeira é prima do siri que é avô da joaninha

O canguru é sobrinho da abelha que é mãe do leão

A formiga é avó do pinheiro que é irmão da doninha

O papagaio é marido da zebra que é tia do tubarão

 

O homem é primo da enguia que é sobrinha do galo

A baleia é irmã do gavião que é cunhado da barata

O capinzal é pai da serpente que é sogra do cavalo

A tartaruga é esposa do camarão que é tio da mata

 

Habitamos a mesma casa, somos uma só família

Bebemos da mesma água, respiramos o mesmo ar

Comemos da mesma terra, para todos o sol brilha

E, para viver em harmonia, temos que nos cuidar

 

Cuidar dos iguais e dos diferentes

Cuidar da terra, da água e do ar

Das plantas, dos animais, da gente

Cuidar do planeta, que é nosso lar

   

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Explicação singular



Terapia botequiana

Quer saber, amigo
o que diferencia nossos casamentos?

Eu, cada vez mais, caso
Você, cada vez mais, casos
  

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Uma questão de escolha



Excursão

Para garantir a satisfação de nossos clientes
é praxe prestarmos atendimento personalizado
Assim, naquele ônibus seguem os monogâmicos
e neste outro, os libertinos

Aqueles passearão em jardins monoculturais
visitarão galerias de quadros monocromáticos
circularão por monumentos monotônicos
e assistirão a sinfonias monorrítmicas

Terão uma exclusiva guia monolíngüe
participarão de bate-papos monossilábicos
acompanharão palestras monotemáticas
e farão suas compras em lojas monopolistas

Aos outros, tudo será permitido
    

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Eu confesso que gostei


PECADOS

Cordeiro de Deus, tende piedade de mim
venho confessar que pequei
e tendo pecado, confesso que gostei
e continuarei pecando até o fim

Eu vos imploro, consternado
ao tirar os pecados do mundo
deixai a esse pobre vagabundo
o inigualável prazer do pecado

Podeis me levar a paz e a calma
fazer-me bruto ou preguiçoso
arrancar-me do corpo a alma

Cordeiro de Deus eterno
entre a absolvição e o gozo
deixai-me ir para o inferno

   

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Há cinco anos ele foi assassinado


CLÁUDIO
 
Arrancaram uma árvore do meu jardim
mas dentro de mim ela continua em pé
 
Arrancaram uma conta de meu terço
e agora eu rezo menos, com menos fé
 
Arrancaram uma veia de meu peito
mas o sangue deu um jeito de circular
 
Arrancaram uma página do meu livro
mas os versos continuam para lembrar
 
Lembrar do amigo
lembrar que eu prossigo
lembrar que eu consigo
trazê-lo comigo
 
Que merda!

  

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Quero conhecer você

  

Soneto para quem?

 

Você lê os meus poemas

Nos conhecemos? De onde?

Exponho os meus problemas

Quantos são seus? Responde!

 

Tenho foto e biografia na capa

Como é você? Confessa!

Localize-se em meu mapa

Não feche o poema com pressa

 

Escreve aqui o seu nome: ___________
Manda foto, endereço

Diga o que pensa de mim

 

Por favor, vê se não some
Ainda estamos no começo

E já chegamos ao fim?

   

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Vamos criar

Legado

 

Qual é o sentido de nossas finitas vidas

senão tornar outras vidas mais bonitas?

 

Deixar filhos, deixar versos, deixar quadros

deixar filmes, deixar livros, deixar flores

deixar fotos, deixar músicas, deixar pratos

deixar obras, deixar marcos, deixar cores

 

E então, deixar a vida

deixando na vida mais vida

deixando a vida de quem fica

mais rica e mais bonita


 

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Todos traímos

  
Todos traem

O elegante atrai
O dissimulado distrai
O tímido retrai
O safado subtrai
O curioso extrai
O reprimido contrai
O descolado abstrai
O alegre descontrai

De um modo ou de outro, todos traímos

Às vezes sem querer
outras pelo crime

Às vezes sem saber
outras descobrimos

Às vezes sem prazer
outras é sublime
  

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Para a galera do armário


 
Pendulo

Se o teu coração oscila
entre o ombro e a ombra

se a tua emoção balança
entre a perna e o perno

se o teu tesão pendula
entre o peito e a peita

se a tua paixão vacila
entre a bunda e o bundo...

Pare, respire fundo e decida
Afinal de contas, é a tua vida

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Amor livre


Bilhete

Fui, meu amor, me desculpa
embora eu ainda te ame
contigo sentia-me em Cuba
e eu adoro Miami
 

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Isso é o nosso dia-a-dia


Perderam-se

Num dia perdido no calendário
Num beco perdido no abecedário
Encontraram-se
Uma bela e uma bala perdidas

A bela se chamava Conceição
E perdeu-se depois que seu tio
Um filho da puta sem coração
Abusou dela por anos a fio

A bala não tinha graça
E perdeu-se numa briga
Entre uma mulher bebaça
E a sua ex-melhor amiga

Numa nota perdida no noticiário
Numa linha perdida no obituário
Entre corruptos e dissídios
Entre drogas e muambas
Entre furtos e homicídios
Perderam-se ambas

  

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Sutilezas do amor


(I can't get no) Satisfaction

 

Quero trepar...

... não consigo

Quero prazer...

... não consigo

Quero gozar...

... não consigo

Quero viver...

... não consigo

 

Não me entenda mal

Conseguir eu consigo

Mas... não consigo



quarta-feira, 28 de julho de 2010

Mais vale uma passarinha na mão...



Impasse

Tinha por certo
que Maria me adorava
como Dora me amaria
tão logo chegasse perto

Lancei ao ar o impasse:
qual das faces devo amar?

Minha cara Doralice
lábios de carmim, cabelos de mel
olhos tão puros e pés no céu?
Ou minha coroa das Dores
olhos tão em mim, cabelos carvão
lábios maduros e pés no chão?

No meio da queda
um corvo engoliu a moeda

Fiquei sem ter Doralice
perdi Maria das Dores
rei sem coroa, sem cara
sem coração, sem amores
 

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Para trair não precisa muito



O pecado dorme ao lado

 

Antes

que tu saias por aí assassinando possíveis amantes

procurando recompor o amor tal qual sonharas antes

traspasse meus olhos

dissipe meus sonhos

censure minha imaginação

decepe minhas mãos

 

É comigo que eu te traio 


quinta-feira, 15 de julho de 2010

Você sabe o que é Osga?


Vamos rir um pouco com essa osguinha!

Os olhos da osga

Estava me espreguiçando na rede
Passou uma osga no musgo da parede
Fui atrás

Espiei e vi que a osga estava perto
Estiquei a mão e ela escapou pro teto
Fui atrás

A osguinha olhou-me de esguelha
E esgueirou-se para o rasgo da telha
Fui atrás

Peguei um frasco e fisguei a osga
Da pele viscosa escorreu uma gosma
E quando olhei seus olhos de nesga
Tive certeza: a osga era vesga!

Uma osga vesga
Ah! Ah! Ah! Ah!
Você já viu uma?

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Viuvez em vida



O que me faz viúva

Não são as viagens que agora faço em excursão
Não são as garrafas de vinho tinto pela metade
Não são os problemas que aprendi a resolver só
Não são as conversas que travo com o espelho
Não são os desejos que hoje satisfaço com prazer
Não são os filhos que tenho que criar sem ajuda
Não são os zíperes que eu me contorço e fecho
Não são as festas em que me sinto meio perdida
Não são as angustias que agora pago para superar
Não são as noites tristes na frente da televisão
Não são os amigos que sumiram sem dar noticia
Não são as roupas novas que antes você elogiava
Não são as manhas de frio perfeitas para abraçar
Não são os sonhos que tenho que sonhar sozinha
Não são as lembranças dos bons anos do casamento

Continuar casada com você é que me faz viúva


quarta-feira, 30 de junho de 2010

Homem gravido



Tentei, nesse poema, imaginar como seria bom engravidar. Contei com uma boa ajuda da Sonia, pode-se dizer que colei na prova. 

De como quero engravidar

Quero um filho feito no forno
no fogo farto de uma foda bem dada
nada modesto nem médio nem morno
preciso prazer para ser emprenhada.

Que você entre atravessando a carne
penetre no centro do ventre da alma
de dentro dispare todos os alarmes
arrombe as travas, me roube os traumas

Seja homem, seja o homem, animal humano
saiba saciar meu desejo, não me abandone
faça-me de gata e safada – eu te amo
mate-me de fome, mate a minha fome

Semeie enfim o seu sêmen-semente
inunde tudo: a fenda, o fundo, a fêmea
funda nossos mundos em gérmen-gente
frutifique em mim a nossa célula gêmea

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Receita para o jovem poeta


A voz da experiência

Meu jovem poeta
para prosseguir nos versos
esquece a mulher certa
busca o inverso

Aprende a ser sofredor
para viver da poesia
procura só o desamor
nunca a harmonia

Ama a mulher errada
aquela que não te ama
a safada mais safada
a que te deixe na lama

Ama a mulher vadia
anda, acredita em mim
e verás que tua poesia
brotará como capim

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Brincando com as palavras

Brincar com palavras sempre foi uma diversão para mim. A imaginação voa solta e descobre novos sentidos e significados. 


Trauma

Vem, vamos brincar de palavras vivas
Eu soletro flor e você voa feito borboleta
Eu escrevo chocolate e a sua boca saliva
Eu digo ding-dong e você pensa maçaneta
Eu faço um coração e você chora, emotiva

Você fala nuvem e já estou todo molhado
Você grita BUM e em pedaços eu estouro
Você imagina um gato e eu subo no telhado
Você rabisca X e eu encontro um tesouro
Você escreve roupa, eu apago e fico pelado

Só não vale escrever mar
Porque eu morro de medo
E paro de brincar

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Dia dos namorados


Nem sempre os casais são complementares, nem sempre são opostos que se unem. Eu namorei mulheres totalmente diferentes de mim, mas me dei melhor com uma de gosto e valores parecidos, tanto que estou com Sonia há 14 anos e ficarei para o resto da vida.  

Os iguais se unem

Negamos a teoria do ímã
de que os opostos se unem
Gostamos do mesmo clima
temos os mesmos costumes

Você é diurna, eu também
curtimos os mesmos livros
Você se enfurna, eu idem
e pelos mesmos motivos

Eu quase nunca sou meio
você quase sempre é inteira
Eu me realizo sendo esteio

você é sempre cumeeira
Eu brinco pouco no recreio
você traz livros na lancheira

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Os problemas dos outros são simples


Deixem que eu decida

Ah! Como são simples os problemas
dos outros. Como é fácil a sua solução
banais e ridículos são os seus dilemas
falta-lhes, pobres coitados, minha visão

Ah! Como é que as pessoas não veem
a total inutilidade de seus sofrimentos?
O tempo que perdem só porque não têm
o meu preciso e precioso discernimento?

Prestem atenção quando eu falo da vida
ouçam meus conselhos sobre dissabores
deixem que eu decida sobre seus amores

Partam na hora em que eu disser despedida
não há ninguém que saiba mais do que eu
solucionar os problemas que não são meus