sexta-feira, 11 de julho de 2008

Namoro é saúde e poesia

No último dia 24 de junho, foi lançado em São Paulo o livro "Namoro é saúde", de autoria do sexológo Gerson Lopes e da socióloga Silvana Barolo (minha prima). Os textos, reunidos pela ONG S.A.B.E.R. (http://www.ongsaber.com/), tratam de sexualidade, relacionamentos afetivos, saúde, bem-estar e qualidade de vida, e os autores escolheram alguns poemas meus (publicados a seguir) para ilustrar os assuntos. Sinto-me muito orgulhoso e agradeço, desejando-lhes muito sucesso.

ADAPTAÇÃO

Olhos da cor do céu
seu grande amor deve ter

Mudar a cor dos meus não posso
mas
se você me der algumas horas
anoitecerá
terei olhos da cor do céu
e poderei ser
seu grande amor



A NOVA COSTELA

Você me sorri dentes
de porcelana chinesa
você me aponta peitos
de silicone e Rodin
você me olha lentes
de contato azul turquesa
você me beija beijos
de botox e hortelã

Você (exa)gera a vida
no ventre, in vitro, ao vento
você me excita com sexos
tântricos, lúbricos, ateus
você me ama ou suicida
eleva a beleza ao infinito
você recria o universo
nele eu recreio, comum deus


APROVEITA-ME

Ah, meu amor, por que choras?
Não entendo porque tanto drama
se o meu amor, que é todo teu agora
é fruto dos amores de outras camas
produto dos amores de outrora

Chega de cenas, brigas, ciúmes
é de barriga cheia que reclamas
é necessário que te acostumes
que esse perfume, que tu tanto amas
é sim a soma de tantos perfumes

Deita em meu peito, amor, te peço
aproveita-me todo como te aproveito
sejamos só nos dois o universo
e, se um dia houver outra em meu leito

participarás também de nosso sexo

CRENÇAS

Ainda há quem creia
que para acabar com as aranhas
basta destruir as teias

Ainda há que creia
que para acabar com o amor

basta obstruir as veias

DEUS EU

Andei colhendo as flores
que a vida deu para mim
mas nunca fiz jardim

Venho comendo as frutas
à beira do pomar
mas nada de plantar

Tenho amado as mulheres que me querem
e aceitado os amores que me vêm
quando elas partem não me ferem
se eles morrem não me têm

Serei um dia agente de mim mesmo?
Deus Eu, dono do meu próprio destino?
Ou passarei a vida amando a esmo
vivendo só de amores inquilinos?


AMOR CONCRETO

Eu era nada
trouxeste teu amor
te tornaste namorada

Em meu futuro
se tu partires
haverá um fu  ro


DE CORAÇÃO

Teu coração é um casarão de luxo
bem maior do que meu quarto/sala
mas o inquilino é um amor bruxo
que dorme no porão e não fala

Teu coração tem vista para o mar
oito quartos, calefação, varanda
mas o amor pouco ocupa lugar
arrasta as pernas, quase não anda

Abra as portas, pendure quadros nas paredes
arrume a cama, encha os vasos de flor
abra-se

Abra as pernas, derrube todas as paredes
desarrume a cama, encha os olhos de amor
abrace

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Agora virou música!

Preciso postar mensagens e poemas com maior freqüência e não apenas quando aparece uma notícia excepcional como essa. Em outubro do ano passado, quando fiz o lançamento do livro na Livraria da Vila, em São Paulo, esteve por lá me prestigiando o Gerson Conrad. Grande músico e compositor, ex-integrante dos Secos e Molhados, musicou, entre outros, o poema Rosa de Hiroshima, de Vinícius de Moraes. Pois não é que ele gostou de meus poemas e já colocou música em dois deles? Se-par-ações (ainda sem clipe) e Contradições. Segue abaixo o link para ver o clipe no YouTube. Muito obrigado ao Gerson Conrad, é uma grande honra estar ao lado desse ícone da música brasileira.

Contradições

No solo árido
no Pólo Ártico
a solidão ergue
duna e iceberg

Brancas montanhas
brancas entranhas
a frigidez da matéria
o deserto da matéria

A água mole endurecida
a terra dura amolecida
contradições extremas
macho e fêmea

Por mais que haja
um Deus que aja
não há natureza que una
iceberg e duna

http://br.youtube.com/watch?v=uoDLxrKN4Ug

sexta-feira, 7 de março de 2008

Pontos de vista

Interessante ver como a poesia pode ter várias leituras. Em janeiro, a G Magazine, uma publicação gay, fez uma bela matéria sobre o meu livro "Eu com verso".

O comentário, que pode ser lido no http://gonline.uol.com.br/site/arquivos/estatico/gnews/gnews_teatroexpo_130.htm demonstra que meus versos, ao contrário dos anjos, têm todos os sexos. Fico muito feliz ao ver que eles transitam por todas as tendências, sem preconceitos. O que escrevo é o que sou, afinal de contas, eu converso com os versos.

Obrigado ao Ferdinando Martins pela matéria.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Alguém tem uma sugestão de nome para o meu segundo livro? "Eu com verso" caiu tão bem que agora estou com um problema. Aliás, o Ricardo também terá que se superar, pois o laranjão ficou muito bonito e atraente, com uma diagramação de dar inveja.

Estou com a expectativa de lançar o novo livro ainda em 2008 e tenho escrito bastante. Essa é uma das novas que pretendo incluir.

Aguardo os comentários e as sugestões de nomes. É muito bom quando tenho um feed-back. Não se intimidem. O tímido era eu. Feliz 2008 para todos.

Abandono

Anda tão abandonado o meu tesão
que essa noite tive um sonho erótico
com minha mão

Anda tão abandonada a minha libido
que meus olhares têm uma tarja:
proibido!

Anda tão abandonado o meu amor
que alguém me mandou um buquê
de couve-flor

Anda tão abandonada a minha paixão
que supliquei um beijo e o espelho disse:

não!