quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Eu confesso que gostei


PECADOS

Cordeiro de Deus, tende piedade de mim
venho confessar que pequei
e tendo pecado, confesso que gostei
e continuarei pecando até o fim

Eu vos imploro, consternado
ao tirar os pecados do mundo
deixai a esse pobre vagabundo
o inigualável prazer do pecado

Podeis me levar a paz e a calma
fazer-me bruto ou preguiçoso
arrancar-me do corpo a alma

Cordeiro de Deus eterno
entre a absolvição e o gozo
deixai-me ir para o inferno

   

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Há cinco anos ele foi assassinado


CLÁUDIO
 
Arrancaram uma árvore do meu jardim
mas dentro de mim ela continua em pé
 
Arrancaram uma conta de meu terço
e agora eu rezo menos, com menos fé
 
Arrancaram uma veia de meu peito
mas o sangue deu um jeito de circular
 
Arrancaram uma página do meu livro
mas os versos continuam para lembrar
 
Lembrar do amigo
lembrar que eu prossigo
lembrar que eu consigo
trazê-lo comigo
 
Que merda!

  

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Quero conhecer você

  

Soneto para quem?

 

Você lê os meus poemas

Nos conhecemos? De onde?

Exponho os meus problemas

Quantos são seus? Responde!

 

Tenho foto e biografia na capa

Como é você? Confessa!

Localize-se em meu mapa

Não feche o poema com pressa

 

Escreve aqui o seu nome: ___________
Manda foto, endereço

Diga o que pensa de mim

 

Por favor, vê se não some
Ainda estamos no começo

E já chegamos ao fim?

   

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Vamos criar

Legado

 

Qual é o sentido de nossas finitas vidas

senão tornar outras vidas mais bonitas?

 

Deixar filhos, deixar versos, deixar quadros

deixar filmes, deixar livros, deixar flores

deixar fotos, deixar músicas, deixar pratos

deixar obras, deixar marcos, deixar cores

 

E então, deixar a vida

deixando na vida mais vida

deixando a vida de quem fica

mais rica e mais bonita


 

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Todos traímos

  
Todos traem

O elegante atrai
O dissimulado distrai
O tímido retrai
O safado subtrai
O curioso extrai
O reprimido contrai
O descolado abstrai
O alegre descontrai

De um modo ou de outro, todos traímos

Às vezes sem querer
outras pelo crime

Às vezes sem saber
outras descobrimos

Às vezes sem prazer
outras é sublime