sexta-feira, 27 de abril de 2012

Terapia botequiana




Amigo
sabe a diferença
entre nossos casamentos?

Eu
cada vez mais
caso

Você
cada vez mais
casos

sexta-feira, 20 de abril de 2012

não paro

Um francês

Fui comemorar o dinheiro num puteiro
gostei da boite, decidi abusar da noite
peguei um pedaço de mau caminho
e muita areia pro meu camiãozinho

Parei

Véio, deu um trabaio do caraio
tirar toda areia do camiãozinho
pra tapar os buracos do caminho
além da grana que dei pros cana

Não parei

Tinha um frete perto de Paraty
de tapetes caros e super cafonas
de repente, na minha frente vi
duas gostosonas pedindo carona

Parei

uma de peitos tomara que saiam e minissaia tomara que caia
outra de minisseios e uma bunda que pôs os dois pés no freio
papo foi, papo veio, véio, quando vi estava no meio dos seios
nos acostumamos, encostei no acostamento e nos encostamos

Não parei

da boleia, um balaio pra três, rolamos para a baleia da caçamba
eu não boiolei como fiz no bordel, bailei com as duas, deu samba
rolou todo tipo de sacanagem, até homenagem para um francês
as moças continuavam enquanto eu parava, demos certo os três

Parei

amanheceu, deixei as duas na praia
ficou na carroceria aquela minissaia
vi pelo retrovisor, para me lembrar
delas e do francês, um tal de Truá

Não parei




sábado, 7 de abril de 2012

dEUs

Com duas mãos, sete dias, nove latas de tinta e um monte de argila
serei capaz de moldar
o campo repleto de árvores coloridas e flores cheirosas balançando ao vento
uma porca esparramada com cinco leitões disputando as tetas plenas de leite
o olhar prostipuro da rapariga de seios fartos e pernas torneadas pelo demo
em peças tão maravilhosamente perfeitas que nem o criador reconhecerá.

Serei um deus
com minhas mãos ávidas e rápidas parirei
Adão e dele Eva e dela todos até mim
de modo que meus olhos serão de pedra mole com milhares de anos por rever
minha cabeça será oca, ecoando o silêncio do passado no futuro que ali se inicia
minha boca será uma caverna recitando toda a sabedoria da espécie – nenhuma,
de meu coração jorrará a lava quente e úmida de todos os sangues e humores derramados
e meu pênis se abrirá em vagina, o marco de um novo tempo, o hermafrodita perfeito

Se não for assim
só restará barro e pó
restarei eu só
deus do vício de mim
como no início
como no fim