quarta-feira, 30 de junho de 2010

Homem gravido



Tentei, nesse poema, imaginar como seria bom engravidar. Contei com uma boa ajuda da Sonia, pode-se dizer que colei na prova. 

De como quero engravidar

Quero um filho feito no forno
no fogo farto de uma foda bem dada
nada modesto nem médio nem morno
preciso prazer para ser emprenhada.

Que você entre atravessando a carne
penetre no centro do ventre da alma
de dentro dispare todos os alarmes
arrombe as travas, me roube os traumas

Seja homem, seja o homem, animal humano
saiba saciar meu desejo, não me abandone
faça-me de gata e safada – eu te amo
mate-me de fome, mate a minha fome

Semeie enfim o seu sêmen-semente
inunde tudo: a fenda, o fundo, a fêmea
funda nossos mundos em gérmen-gente
frutifique em mim a nossa célula gêmea

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Receita para o jovem poeta


A voz da experiência

Meu jovem poeta
para prosseguir nos versos
esquece a mulher certa
busca o inverso

Aprende a ser sofredor
para viver da poesia
procura só o desamor
nunca a harmonia

Ama a mulher errada
aquela que não te ama
a safada mais safada
a que te deixe na lama

Ama a mulher vadia
anda, acredita em mim
e verás que tua poesia
brotará como capim

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Brincando com as palavras

Brincar com palavras sempre foi uma diversão para mim. A imaginação voa solta e descobre novos sentidos e significados. 


Trauma

Vem, vamos brincar de palavras vivas
Eu soletro flor e você voa feito borboleta
Eu escrevo chocolate e a sua boca saliva
Eu digo ding-dong e você pensa maçaneta
Eu faço um coração e você chora, emotiva

Você fala nuvem e já estou todo molhado
Você grita BUM e em pedaços eu estouro
Você imagina um gato e eu subo no telhado
Você rabisca X e eu encontro um tesouro
Você escreve roupa, eu apago e fico pelado

Só não vale escrever mar
Porque eu morro de medo
E paro de brincar

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Dia dos namorados


Nem sempre os casais são complementares, nem sempre são opostos que se unem. Eu namorei mulheres totalmente diferentes de mim, mas me dei melhor com uma de gosto e valores parecidos, tanto que estou com Sonia há 14 anos e ficarei para o resto da vida.  

Os iguais se unem

Negamos a teoria do ímã
de que os opostos se unem
Gostamos do mesmo clima
temos os mesmos costumes

Você é diurna, eu também
curtimos os mesmos livros
Você se enfurna, eu idem
e pelos mesmos motivos

Eu quase nunca sou meio
você quase sempre é inteira
Eu me realizo sendo esteio

você é sempre cumeeira
Eu brinco pouco no recreio
você traz livros na lancheira

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Os problemas dos outros são simples


Deixem que eu decida

Ah! Como são simples os problemas
dos outros. Como é fácil a sua solução
banais e ridículos são os seus dilemas
falta-lhes, pobres coitados, minha visão

Ah! Como é que as pessoas não veem
a total inutilidade de seus sofrimentos?
O tempo que perdem só porque não têm
o meu preciso e precioso discernimento?

Prestem atenção quando eu falo da vida
ouçam meus conselhos sobre dissabores
deixem que eu decida sobre seus amores

Partam na hora em que eu disser despedida
não há ninguém que saiba mais do que eu
solucionar os problemas que não são meus