terça-feira, 7 de abril de 2009

II Antologia de Poetas Lusófonos

 
Foi lançada, em 5 de abril, a II Antologia de Poetas Lusófonos, com cerca de 500 páginas, e a participação de 134 poetas, selecionados entre os cerca de 400 postulantes, de 11 países: Portugal; Brasil; França; Suíça; Inglaterra; Angola; Timor; Canadá; EUA; Moçambique e Índia.

"As poesias que tatuam as páginas deste livro não são todas de índole acadêmica. Queremos, também, dar voz à poesia mais popular. Mas, uma coisa é certa: neste livro todas as poesias têm mensagem. Todas elas transmitem sentimentos. Todas elas cantam a mesma Língua. E mais, todas elas nasceram tão distantes umas das outras e conseguiram um elo de verdadeira união através da II Antologia de Poetas Lusófonos" diz Adélio Amaro, coordenador editorial.

Transcrevo a seguir meus cinco poemas que foram selecionados para a Antologia.

SEM RETORNO

As fantasias são fadas virgens
flores afrodisíacas que nos tentam
borboletas bacantes que ostentam
as emplumadas asas da vertigem

Fantasias são os hímens da indecência
esvoaçando sobre pensamentos líricos
são desejos que permanecem oníricos
sob o risco de perderem a inocência

Pobre daquele que realiza as fantasias
aprisionadas as borboletas jazem frias
flores arrancadas perdem o cheiro

Pobre daquela que consuma o beijo
consome o sumo do próprio desejo
fadas não se reproduzem em cativeiro


AGENDA

Já não me lembro
quantos amores eternos
permaneceram em dezembros
perdidos nalgum caderno.

O peito não guarda endereço
para cada amor que sinto
há um outro que esqueço
como se passasse a limpo.

Já não me lembro teu rosto
te perdi nalgum agosto
que se perdeu na memória.

Esqueci teu telefone
e até mesmo o teu nome
o coração jogou fora.

REDOER

Um filme, um tapa, o amor
a morte, um drama que me contem
podem perfurar os poços da dor
fazer jorrar lágrimas de ontem.

Dores soterradas, os fantasmas
de repente afloram, me destroem
e nem terapias nem cataplasmas
vem aplacar as dores que redoem.

Beijos que não dei saltam da boca
sonhos que ocultei saem das covas
crias que abortei renascem ocas.

Será que o meu choro de agora
jamais conterá lágrimas novas
sem a dor acumulada outrora?


SOMOS

És um sujeito educado
e eu um tarado abjeto
como todas as mulheres
que tu nem sabes se queres.

Tens paciência tibetana
eu as ganas da violência
roubo e minto e fodo e mato
para que sejas cordato.

Tua virtuosa platitude
e minha inquieta atitude
dividem o mesmo teto.

Faço tudo o que não gostas
seguimos em mãos opostas
em suma, somos completo.


PECADOS

Cordeiro de Deus, tende piedade de mim
venho confessar que pequei
e tendo pecado, confesso que gostei
e continuarei pecando até o fim

Eu vos imploro, consternado
ao tirar os pecados do mundo
deixai a esse pobre vagabundo
o inigualável prazer do pecado

Podeis me levar a paz e a calma
fazer-me bruto ou preguiçoso
arrancar-me do corpo a alma

Cordeiro de Deus eterno
entre a absolvição e o gozo
deixai-me ir para o inferno

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