terça-feira, 26 de outubro de 2010

Fantasias são essenciais

SEM RETORNO

As fantasias são fadas virgens
flores afrodisíacas que nos tentam
borboletas bacantes que ostentam
as emplumadas asas da vertigem

Fantasias são os hímens da indecência
esvoaçando sobre pensamentos líricos
são desejos que permanecem oníricos
sob o risco de perderem a inocência

Pobre daquele que realiza as fantasias
aprisionadas as borboletas jazem frias
flores arrancadas perdem o cheiro

Pobre daquela que consuma o beijo
consome o sumo do próprio desejo
fadas não se reproduzem em cativeiro 

   

Jornal de Brasília

 CIDADES Sexta-feira, 22 de outubro de 2010 Jornal de Brasília

 

O legado de Alessandro

Ele supera as limitações, lança livro de poesias e dá uma lição de vida.

 

 Indira Efel (indira.efel@jornaldebrasilia.com.br)

 

"Qual é o sentido de nossas finitas vidas / senão tornar outras vidas mais bonitas?". É assim que Alessandro Uccello começa um dos seus poemas, chamado Legado. A poesia surgiu na vida de Ale, como é chamado pelos familiares, na adolescência, com 14 anos. Em alguns tempos de sua caminhada ela esteve mais presente, outras nem tanto, explica sua mulher, Sônia Rosenberg. Mas, de acordo com a companheira, juntos desde 1996, a poesia é tudo que ele faz atualmente. Isso acontece porque Alessandro foi diagnosticado, em março de 2007, com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), uma doença degenerativa sem causa conhecida. Hoje em dia ele tem muitas limitações, não fala e sua movimentação é pequena. Mas mesmo assim não deixou a paixão pelos poemas para trás. "Hoje, minha vida é escrever", explicou pelo iPhone, quando perguntado o que significava a poesia para ele.

 

Fã de Fernando Pessoa, Manuel Bandeira, Vinícius de Morais, Elisa Lucinda e Mário Quintana, Alessandro está lançando seu quarto livro de poemas, chamado Lápis de Flor. A publicação é direcionada para crianças. E isso tem uma explicação. Ale sempre foi um pai muito presente e com o aparecimento da doença não podia fazer o que mais gostava: ler histórias para as duas filhas, Laura, de oito anos, e Elisa, de sete anos. Com isso, começou a escrever as histórias que tinha vontade de contar para as meninas, fala Sônia. "Eu contava história para as meninas e como estava impossibilitado resolvi escrever", descreveu Alessandro.

 

FONTE DE PRAZER

 

Sônia explica que elaborar os livros é fonte de muito prazer para Ale. "Porque elas adoram", fala a esposa. De acordo com ela, o que mais emocionou foi há cerca de três semanas quando as meninas autografaram o novo livro no lugar do pai. Como ele não podia, elas, sem ninguém pedir, sentaram perto dele e assinaram por ele no lançamento no Banco Central, local onde ele ainda trabalha. Alessandro continua mandando seus trabalhos de casa, mesmo com todas as limitações.

 

Para o escritor, a maior frustração é participar tão pouco da vida das filhas, tão serelepes. "É chato participar apenas como expectador", desabafa o poeta pelas letras do computador que também entende o que ele quer escrever pela íris do olho. De acordo com Ale, a esposa e as filhas são vida para ele.

 

E o poeta não quer parar por aqui. Já tem um livro infantil na fase de ilustração, que se chamará Meméia Centopéia. Alessandro fez questão de mostrar o texto, além do início de outra publicação que ainda está escrevendo. Ele também está fazendo um livro de memórias. Para isso, pediu de presente de 50 anos, neste ano, que os amigos escrevessem histórias de momentos que passaram juntos. Conforme Sônia, o intuito da publicação é deixar para as filhas as histórias de vida que ele não pode contar. "Ainda estou escrevendo com os olhos minhas memórias", conta Ale.

 

"E então, deixar a vida / deixando na vida mais vida / deixando a vida de quem fica / mais rica e mais bonita", termina o poemaLegado de Alessandro Uccello.

 

SAIBA +

O livro Lápis de Flor, escrito por Alessandro Uccello e ilustrado por Manuela Loddo, será lançado no sábado (23), às 17h30, na Livraria Cultura do Shopping Iguatemi.

  

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Cuidemos da Terra

  

Nosso lar

 

A bananeira é prima do siri que é avô da joaninha

O canguru é sobrinho da abelha que é mãe do leão

A formiga é avó do pinheiro que é irmão da doninha

O papagaio é marido da zebra que é tia do tubarão

 

O homem é primo da enguia que é sobrinha do galo

A baleia é irmã do gavião que é cunhado da barata

O capinzal é pai da serpente que é sogra do cavalo

A tartaruga é esposa do camarão que é tio da mata

 

Habitamos a mesma casa, somos uma só família

Bebemos da mesma água, respiramos o mesmo ar

Comemos da mesma terra, para todos o sol brilha

E, para viver em harmonia, temos que nos cuidar

 

Cuidar dos iguais e dos diferentes

Cuidar da terra, da água e do ar

Das plantas, dos animais, da gente

Cuidar do planeta, que é nosso lar

   

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Explicação singular



Terapia botequiana

Quer saber, amigo
o que diferencia nossos casamentos?

Eu, cada vez mais, caso
Você, cada vez mais, casos
  

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Uma questão de escolha



Excursão

Para garantir a satisfação de nossos clientes
é praxe prestarmos atendimento personalizado
Assim, naquele ônibus seguem os monogâmicos
e neste outro, os libertinos

Aqueles passearão em jardins monoculturais
visitarão galerias de quadros monocromáticos
circularão por monumentos monotônicos
e assistirão a sinfonias monorrítmicas

Terão uma exclusiva guia monolíngüe
participarão de bate-papos monossilábicos
acompanharão palestras monotemáticas
e farão suas compras em lojas monopolistas

Aos outros, tudo será permitido